Alma Mater, mãe acolhedora? O anseio e o pertencimento das mulheres às universidades públicas no Brasil e na Inglaterra

Resumo

Este artigo explora como as mulheres que são as primeiras em suas famílias a terem acesso ao ensino superior lidam com o sentimento de pertencimento em duas universidades públicas de elite: a Universidade de Campinas (Unicamp), no Brasil, e a Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Indo além das métricas de acesso e diversidade, ele examina os desafios emocionais, estruturais e epistêmicos que moldam o sentimento de pertencimento das alunas durante seus estudos de graduação. Por meio de um estudo qualitativo transnacional e intergeracional baseado em entrevistas narrativas e trabalho de memória, a pesquisa se baseia nas histórias de vida das “filhas” — estudantes universitárias de primeira geração — e de suas “mães”, mulheres que tiveram acesso limitado à educação formal e nenhum acesso ao ensino superior. Ao incluir ambas as gerações, o estudo destaca como os anseios intergeracionais por educação moldam a participação das mulheres no ensino superior hoje. Os resultados mostram que, apesar de um corpo discente mais diversificado, as exclusões racializadas, de classe e de gênero continuam a moldar as experiências dos estudantes no ensino superior. Atos de cuidado — sejam eles materiais, emocionais ou simbólicos — oferecem formas parciais de apoio, mas não contrabalançam totalmente as pressões de navegar em instituições de elite. Em vez de simplesmente informar políticas, este artigo clama por uma mudança cultural: uma que centralize as experiências de mulheres sub-representadas e reimagine a universidade pública como um local de pertencimento compartilhado, além da inclusão simbólica.