Acadêmicos imaginários.

Autonomia, liberdade acadêmica e compromisso social

Resumo

A figura do académico socialmente comprometido tem acompanhado uma longa reflexão sobre os limites entre a autonomia universitária, as liberdades académicas de investigação e ensino, e as ligações entre as práticas de ensino e investigação com a resolução de problemas sociais relevantes. Esta figura é a representação sócio institucional de uma ideia de origem imprecisa: a do compromisso social e público das atividades universitárias com respeito às demandas e exigências de seus ambientes. Contudo, a representação é a expressão de um ideal normativo que se traduz de maneiras muito diferentes nos contextos universitários e entre os acadêmicos realmente existentes. Com base nesses pressupostos, explora-se a ideia da existência de uma lacuna interpretativa entre acadêmicos imaginários e acadêmicos reais. Entre estes últimos, é possível identificar diferentes tipos e graus de comprometimento acadêmico a partir da coexistência de três grandes modelos de referência: homo academicus, homo sociologicus e homo politicus. Propõe-se que, a partir dessas representações, seja possível estabelecer uma diferenciação entre três tipos de acadêmicos comprometidos: o “acadêmico-ativista”; o “público-acadêmico” e o “autônomo-acadêmico”.