«Esses índios nunca aprendem»... Universidade, racismo e interculturalidade no Peru

Kay indiokuna mana hayk’aqpas yachankuchu… Perú suyupi hatun yachay wasi, ch’eqmi kausay, tinkuykuna nisqamantawan

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discutir criticamente a continuidade de antigas estruturas coloniais na universidade peruana que impedem sua transformação em uma instituição relevante que atenda à diversidade cultural do país. Dado que a universidade continua operando sob a perspectiva monocultural e hegemônica do conhecimento ocidentalizado que torna invisível e folcloriza o conhecimento e os mundos de outros povos andinos, amazônicos e afrodescendentes. Uma breve referência histórica é feita ao encontro colonial e aos mecanismos de poder nos quais a universidade se constitui como uma instituição de elite que opera sob modelos europeus desde a época colonial até o presente. A partir dessa ideia, o trabalho reflete sobre experiências de universidades nacionais com grupos de estudantes de origem étnica nas primeiras décadas do século XXI, especificamente sobre os programas de ação afirmativa, nos quais o autor teve experiência como aluno e, posteriormente, como professor em duas universidades públicas. Para abordar o assunto, o artigo está organizado em três seções : dominação e herança colonial da universidade peruana; diversidade cultural, racismo e universidade; emergência intercultural na universidade e ideias finais.