Academia mexicana de ciências sociais: navegando nos padrões do neoliberalismo

Resumo

No México, o Sistema Nacional de Investigadores (SNI) é a instituição mais representativa do meio académico. Em 2019, agrupava 30532 membros, representando a área das ciências sociais 16,5%. Em particular, nos últimos quarenta anos, seus membros testemunharam mudanças nas políticas de Ciência e Tecnologia que tiveram um impacto direto em sua maneira de produzir conhecimento, apresentando o que alguns chamaram de caraterísticas da ciência neoliberal (Ordorika, 2004). Com base num paradigma construtivista, este estudo explora as trajectórias profissionais e as percepções de 50 cientistas sociais membros dos níveis II e III do SNI, utilizando uma metodologia qualitativa baseada em entrevistas em profundidade. Os resultados contrastam as narrativas entre pesquisadores com maior e menor tempo de permanência no sistema, destacando a incorporação de práticas alinhadas à ciência global, que evidenciam o abandono das agendas nacionais de pesquisa, perda de autonomia e limites à liberdade acadêmica (Pérez Mora, 2020), bem como práticas que navegam entre as lógicas do mercado e do poder, entre outras. Por fim, questiona-se a relação entre ciência e desenvolvimento nacional, levantando questões sobre os efeitos das recentes alterações na Política de Ciência e Tecnologia, que preconiza uma ciência com impacto social, de cariz anti-neoliberal.