Ensino de pesquisa: uma virada para práticas pedagógicas epistêmicas

Resumo

Este artigo é uma reflexão teórica que visa tornar visíveis os tradicionais processos de formação em pesquisa científica que, atrelados a uma tendência instrumental caracterizada por colocar a metodologia e os procedimentos como eixo de qualquer processo investigativo, levam à reprodução de visões produtivistas e instrumentalistas que se tornam paradoxais no que diz respeito aos propósitos inovadores e transformadores que as ciências sociais assumem como ideais da tarefa de investigação. O objetivo é mostrar que a relação que existe entre epistemologias e pesquisas científicas condiciona significativamente os processos de ensino e formação em pesquisa, o que nos leva a uma alternativa crítica que considera esses processos como práticas pedagógicas epistêmicas que demandam um conjunto de fatores heterogêneos que vão mais além da metodologia. É realizada uma revisão teórica da concepção de ciência e das suas formas de avaliação dominantes, instrumentais e quantitativas, que deixam de lado os contextos e identidades específicas dos atores e grupos envolvidos no desenvolvimento da ciência e nos processos de formação. Além disso, é feita uma formulação dos aspectos fundamentais da crítica e do contextualismo que nos permitem refletir sobre a pedagogia da pesquisa e seus componentes, a fim de desenvolver uma proposta, em termos de práticas epistêmicas, do processo de pesquisa, seu ensino e interações que o compõem e que servem ao processo de formação e geração de conhecimento.